quinta-feira, 4 de julho de 2013

Vandalismo nos pedágios?

E tem gente classificando como vandalismo o fogo ateado em pedágios no Estado de São Paulo. Vandalismo, cara pálida? Vandalismo? Vandalismo é uma empresa, junto ao governo (que deveria representar o povo), cercear seu direito de ir e vir (que é Constitucional). Baderna é a chacota feita com a cara de todos nós quando só temos o direito de nos locomover mediante pagamento! Quando só podemos viajar, visitar amigos, parentes, enfermos etc, se tivermos como PAGAR o ticket numa cancela impeditiva de direitos.

O PEDÁGIO É VANDALISMO! O PEDÁGIO É BADERNA! O PEDÁGIO É ATEAR FOGO NA NOSSA DIGNIDADE, NO NOSSO DIREITO, NA NOSSA LIBERDADE!

Infelizmente, nesse mundo da ganância, a liberdade tem valor de mercado!

sábado, 23 de março de 2013

Eu tenho um sonho


Nestes últimos dias assistimos a mais uma prova de que a utopia de um mundo melhor, mais justo e humano, desintegra-se em meio às raízes podres fincadas no solo lamacento da nossa vida social e política. O ranço de ignorâncias presente em figuras poderosas e nações autoritárias remete-nos às idéias do filósofo iluminista Rousseau, que atestam a corrupção da moralidade humana no momento em que os homens passaram a viver em sociedade. "Homo homini lupus" (o homem é o lobo do homem), já proferiu Hobbes certa vez. Contudo, Voltaire não nos deixa esquecer: foram os homens que corromperam a natureza, pois eles não nasceram lobos, tornaram-se lobos! Agora pergunto: a nova situação geopolítica mundial, na qual Coréia do Norte e EUA ameaçam o mundo com uma guerra nuclear, não celebra a estupidez humana, como já ironizou há tempos o gênio Renato Russo? E mais, Obama, Berlusconi, Cameron, Kim jong-Un etc, são ou não lobos em pele de lobos?
            Os vários exemplos de sandices como torturas, ameaças, racismos, intolerâncias e genocídios ocorridos no cumulativo processo histórico não desapareceram e, agora, emergem num vórtice de relações de poder inconsequentes e egoístas. Se uns entram para a história por seus atos memoráveis, outros com certeza serão eternizados pelos seus atos deploráveis; as mazelas enraizadas no imaginário coletivo pelas consequências de suas tolices habitarão os sonhos mais horrendos de gerações futuras. Como podemos ainda aceitar tais bizarrices no comando do poder mundial? E pior: o norte-americano, entrincheirado no seu fundamentalismo “democrático”, ceifa vidas de crianças mundialmente, quando não pela violência direta, pela violência econômica, social e cultural, sugando-lhes o fio de vida que ainda resta, ao sepultar-lhes a esperança de um futuro justo!
            Desacreditar nesse futuro é aceitar que a justiça social é pura utopia. Ledo engano: não apenas a social, como a econômica, a política e a cultural são possíveis. Não se trata aqui de ufanismos como o de “ame a humanidade”, pois isto não é uma tarefa árdua. O que é a humanidade, afinal? É fácil ter compaixão por uma criança angolana que agoniza de fome ao mesmo tempo em que é devorada por uma ave carniceira. Mas o que podemos fazer não é mesmo? Ela está tão longe. Mas é claro que todos se compadecem de seu sofrimento. Como diz uma frase de Henry Fonda, e que deveria incomodar a todos, “É fácil amar a humanidade; difícil é amar o próximo”.
            Se a humanidade quer ter um futuro reconhecível, não pode ser pelo prolongamento do passado ou do presente. Se tentarmos construir o terceiro milênio nestas bases, vamos fracassar, e o preço do fracasso será a escuridão! Neste momento lembro-me de um lindo discurso de Martin Luther King, levado a cabo em 1963, que apesar de tratar do racismo, poderia ser pensado em todas as esferas citadas, e que dizia mais ou menos o seguinte: “Eu tenho um sonho. O sonho de que um dia o homem não seja julgado pela cor de sua pele, mas pela nobreza de seu caráter...”. Nem por sua opção sexual, religiosa ou política... Quimeras... (?!)

sábado, 9 de março de 2013

Novo artigo em livro!

Pessoal, acaba de ser lançado o livro Entre tipos e recortes: histórias da imprensa integralista, volume 2, no qual contribui com o primeiro capítulo intitulado "As capas da revista Anauê! (1935-1937): ideologia, doutrina e política através das imagens". Boa leitura.



Um desserviço à informação e ao serviço público no jornal Voz da Terra


Hoje ao me deter num artigo publicado no jornal Voz da Terra (09/03/13, p. 02), de Assis-SP, deparo-me com um texto superficial, puramente retórico, reprodutor de bizarrices e lendas das mais perniciosas incrustadas na sociedade brasileira. O jornalista ataca o funcionalismo público com base em argumentos descabidos, incorretos e, no mínimo inocentes. Vale-se de dados e números facilmente contestáveis, obviamente manipulados e, pretensamente, imparciais.  
            Primeiramente, a afirmação de que a Previdência Social brasileira é deficitária configura-se em ato de desinformação grave ou, espero que não seja o caso, de má fé. A Previdência Brasileira é superavitária, como já provaram renomados economistas brasileiros, como Laura Tavares Soares (UFRJ), Wilson Cano (UNICAMP) e Denise Gentil (UFRJ), entre outros tantos. Os três são categóricos em afirmar que a Previdência é superavitária, já que inúmeras receitas não são contabilizadas para a conta apresentada pelo governo. Outro fator, evidenciado por Cano, é a demonização do funcionalismo público nas contas da Previdência, quando grande parte do “déficit” vem do setor privado, o INSS, que nada tem a ver com o setor público.
            Não cabe expor em detalhes a tese dos economistas por excesso de espaço que ocuparia. Cabe dizer que aos interessados no assunto, procurem os trabalhos desses e outros economistas. No entanto, não se pode deixar de apontar algumas inconsistências no texto do jornalista. Primeiro, a afirmação de que a Grécia quebrou, em grande parte, em razão dos gastos públicos. Será mesmo que o jornalista não conhece a situação de submissão e precariedade com a qual o país entrou na união europeia, sendo constantemente vilipendiado economicamente na guerra selvagem da economia neoliberal? Será? Independente da resposta, não deixa de ser preocupante...
            Depois, alega, EQUIVOCADAMENTE, que os proventos dos aposentados públicos são integrais em relação ao último salário. Isso depende de cada Estado e do serviço Federal, com regras específicas. No que tange ao Estado de São Paulo, já houve uma manobra há anos, do governo do PSDB, que criou um ornitorrinco trabalhista, cujo funcionário “público” é regido pela CLT. No serviço público federal, há muitos anos a aposentadoria não é integral. Até o corrente ano, se tratava de 80% da média dos salários. E a partir de 2013, o teto é o mesmo do INSS. Porém, o jornalista pouco informado não explicou que o servidor público, mesmo depois de aposentado, continua contribuindo com a Previdência, o que, naturalmente, impediria que houvesse déficit. O aposentado contribui com uma aposentadoria que não receberá. Ele é tributado em sua aposentadoria para o regime de aposentaria. Caro jornalista, caso o senhor não saiba, muitos advogados renomados já classificaram esse desconto como CONFISCO por parte do governo, ou seja, algo no mínimo compulsório.
            Para finalizar o referido profissional da “informação” aponta suas flechas para os professores. Sim, para os professores! Pega alguns casos esporádicos e generaliza como se fosse a rotina. Manipula, desinforma e prejudica a politização correta do seu público. Tantos absurdos por aí e o jornalista escolheu o servidor público para pagar a penitência, o único que deveria ser defendido, dado o trabalho mal remunerado e bastante cobrado, sob condições estruturais das mais precarizadas. Ah, e não esqueçamos, o servidor público não tem fundo de garantia, e continua não tendo, mesmo com sua aposentadoria anexada ao teto do INSS e em alguns Estados regido pela CLT. Quem será que está em condições de risco no sistema trabalhista, heim?
            Pergunto a ele: o caminho é privatizar a segurança, a saúde e a educação, portanto? Você arcará com as despesas da imensa maioria da população que não pode pagar por esses serviços? Só no Brasil, hoje, temos 42 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, ou seja, miseráveis. O que fazemos com eles? Os abandonamos à própria sorte?
            Pois, bem, no limite, concordo com um ponto colocado por ele no seu texto: está mais do que na hora de se fazer uma discussão SÉRIA acerca do funcionalismo público nacional. Comecemos boicotando jornais e jornalistas que não sigam tal recomendação!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ELUCUBRAÇÕES DE UM ANIVERSARIANTE TRINTÃO


Hoje completo 31 anos. Pois é, TRINTA E UM anos. O aniversário é uma coisa muito estranha. Desde que somos crianças aprendemos que temos que comemorar e festejar o tempo passando. Não sei, quanto mais aniversários passam, mais se aproxima o fim da vida (para não dizer morte. Não gosto dessa palavra), e por isso sempre achei estranho cantar o “parabéns”.
O tempo passando é a inexorável força da natureza, que nos conduz à revelia de nossa vontade. Você pode parar todos os relógios, ignorar a noite e o dia, fingir que não existem os meses e anos, mas não adianta, ele está lá: o tempo. E não parado! Ele é metódico, caminha com passos nem largos e nem curtos, sempre na mesma velocidade, pois ele não precisa correr. Sempre atingirá seu objetivo.
Como ainda faço parte dessa sociedade ufanista, rendo-me a certos caprichos padronizados, por isso farei um churrasco (com cerveja, para encher de frescor dourado meu interior) com familiares e alguns amigos, para “comemorar” 31 anos passados de minha vida.
Quando eu era criança, a festa era de salgadinhos, docinhos e refrigerante, e eu até gostava, pois ganhava presentes à beça (pois é, já fui capitalista – será que não sou mais?). Eu não gastava nada e pensava que tudo acontecia de graça. Hoje “comemoro” 31 anos, não ganharei presentes como antes, não terá docinhos e a festa é por minha conta. Estranho, não? Comemorar algo que ainda não tenho certeza que é bom e ainda tirar dinheiro do bolso para isso. Não que eu seja doente pelo dinheiro, mas para quem pouco tem...
Desculpe me repetir, mas estranho. Hoje o aniversário terá muitas das mesmas pessoas da infância e outros novos. Mas não dá para comemorar. A cada ano vejo meu pai mais velho (velho mesmo, e ele sabe disso, não me venham com essa coisa de “a melhor idade”), mais cansado, mais debilitado, com mais dores, com mais pelos e cabelos brancos, e com menos saúde. Minha mãe a mesma coisa. Mas eles ainda estão lá, dispostos a comemorar o aniversário dos filhos (no plural porque tenho uma irmã gêmea, a Priscila). Quiçá por isso valha a pena estar presente no meu aniversário. Para ver meus pais, embora não viçosos como anos atrás, mas com o mesmo amor.
Olho para trás e vejo já uma história de vida, uma lógica (?), um caminho traçado. Ela poderia ser diferente? Sim! Poderia ser melhor? Sim! Mas também poderia ser pior. Sou resultado das escolhas que fiz, muitas delas acertadas, outras tantas equivocadas, e algumas absurdas. Mas as fiz, não tem como voltar atrás. Tem como mudar daqui para frente, mas o que foi escrito no tempo não se apaga. É como se tivesse sido gravado a ferro quente em nossa pele.
Muitas pessoas passaram pela minha vida. Umas ficaram na memória, outras se perderam em algum lugar no passado. Poucas marcaram de verdade. Dessas últimas sinto muita falta. Outros sujeitos dessa história se foram. Abandonaram a vida.
As que chegaram a certo momento da minha jornada e ainda fazem parte dela também têm papel importante, afinal, amizade, amor, paixão, carinho, cumplicidade, proximidade são elementos de apreciação. Obvio que esses sentimentos são transitórios, inconstantes, passam por tempestades violentas, muitos racham, outros quebram sem conserto. Mas estão lá, conduzidos por pessoas que também possuem suas próprias histórias e caminham, como a mim, para o final.
Pois é, 31 anos! Daqui a pouco estarei presente na casa dos meus pais para não comemorar meu aniversário. Decidi! Não tem porque fazer isso. Não louvarei meu cabelo caindo, as rugas chegando, o vigor da juventude me abandonando. Ah, ela, a juventude! Ainda que eu a agarre com toda força, escapa-me entre os dedos. É como segurar água. Não consigo retê-la. Tento acumular um pouquinho na palma da mão, mas sei que minhas mãos vão cansar e derrubá-la, ou senão ela vai evaporar. Ela está partindo, pouco a pouco, dia a dia, minuto a minuto, aniversário a aniversário...
Agora tenho que tomar banho preparar a carne e me certificar se a cerveja está gelada. Afinal, se o tempo não para, como dizia Cazuza, vou continuar minha caminhada nessa jornada que já sei o fim. "PARABÉNS!"