sexta-feira, 6 de abril de 2012

A ameaça fascista numa sociedade doente


Nos últimos tempos a onda fascista ronda o mundo, manifestando a obtusidade histórica da população mundial. Atos de violência estatal, autoritarismo, cortes de direitos sociais, perseguições a minorias, xenofobismo etc, veem à tona seguidos de aplausos fervorosos de grande parte da população. Infelizmente, trabalhadores e jovens, politicamente impotentes, entregam ao Estado a função de “pacificar” a sociedade, o que é feito com inversão de valores: a violência passa a ser o modus operandi contra famintos, viciados, desabrigados, sem-terra. A justiça social passou a ser sinônimo de justiça legal. Isto é, pune-se, cegamente, qualquer sintoma de reação à barbaridade política e social imposta pelas autoridades mundiais.
            Parece que as pessoas esqueceram as consequências de regimes fascistas no mundo e seus congêneres militares (ditaduras), nos quais há perda de liberdade, uso excessivo de violência, assassinatos, perseguições... tudo ancorado em propaganda ideológica fortíssima, levada a cabo pela mídia subserviente.
            No Brasil, as coisas não são melhores: insanamente, muitos dão loas às perseguições feitas aos “boyzinho fumadores sustentados por nossos impostos” na USP, às ações de desapropriações que deixam milhares de pessoas nas ruas, a declarações preconceituosas de um tal Bolsonaro contra homossexuais, ao espancamento de viciados em craque em São Paulo, às “pacificações” nas favelas do Rio, às acusações indevidas a movimentos grevistas. Isso é sintoma de uma sociedade doente. Uma sociedade cega, individualista, mesquinha e rancorosa. O ódio se volta contra os oprimidos, e não contra os opressores.
            Figurões de colarinho branco mandam e desmandam, praticam crimes, passam por cima da lei, e nada acontece. Voltam à baila um ou dois mandatos depois, contando com a falta de memória e consciência política da população. Os abusos são tão graves e naturais, que nada acontece quando um governador de Estado retira direitos de professores, ou que seu secretário da Educação pratica uma política fascista de perseguições a grevistas, de maneira velada. Dá-se o tapa e esconde-se a mão. Ou que tais sumidades tenham relações com um senador que adorava vociferar sua honestidade; honestidade falsa, suja, que se submetia às ordenanças de um bicheiro qualquer. Honestidade que tem um valor (bem alto por sinal). Ou, ainda, que haja clara censura contra o direito de informação de todo um Estado, quando se vê desaparecer das bancas de jornais uma revista que faz denúncias graves contra esses figurões. Nada Acontece!
            Mas o pior é ver que a preocupação das pessoas se volta para seus umbigos. Ninguém se indigna contra essa corja. Estão todos preocupados em louvar suas TVs de 42 polegadas pagas em 62 prestações; em postar banalidades em redes sociais; em sonhar com o carro novo; em beber sua cerveja; em pagar seu aluguel aos especuladores imobiliários. E os que podem fazer isso, vangloriam-se como se fossem super-heróis, acusando de vagabundos, incapazes ou malandros os excluídos, como se houvesse oportunidade para todos.
              A juventude é foco dessas ações, manipulados por discursos autoritários, de extrema-direita, religiosos incautos, mídia vendida (que adora criminalizar toda ação social), grupos políticos e sociais de cunho fascista (skinheads e neointegralistas) e um conservadorismo incrustado nas gerações passadas. o perigo é latente neste caso, já que contaminou a nova geração. 
            O mundo está doente e, infelizmente, a obtusidade convida o fascismo a entrar.