Nos últimos tempos a onda fascista ronda
o mundo, manifestando a obtusidade histórica da população mundial. Atos de
violência estatal, autoritarismo, cortes de direitos sociais, perseguições a
minorias, xenofobismo etc, veem à tona seguidos de aplausos fervorosos de
grande parte da população. Infelizmente, trabalhadores e jovens, politicamente
impotentes, entregam ao Estado a função de “pacificar” a sociedade, o que é
feito com inversão de valores: a violência passa a ser o modus operandi contra famintos, viciados, desabrigados, sem-terra.
A justiça social passou a ser sinônimo de justiça legal. Isto é, pune-se,
cegamente, qualquer sintoma de reação à barbaridade política e social imposta
pelas autoridades mundiais.
Parece que as pessoas esqueceram as
consequências de regimes fascistas no mundo e seus congêneres militares
(ditaduras), nos quais há perda de liberdade, uso excessivo de violência,
assassinatos, perseguições... tudo ancorado em propaganda ideológica fortíssima,
levada a cabo pela mídia subserviente.
No Brasil, as coisas não são
melhores: insanamente, muitos dão loas às perseguições feitas aos “boyzinho
fumadores sustentados por nossos impostos” na USP, às ações de desapropriações
que deixam milhares de pessoas nas ruas, a declarações preconceituosas de um
tal Bolsonaro contra homossexuais, ao espancamento de viciados em craque em São
Paulo, às “pacificações” nas favelas do Rio, às acusações indevidas a
movimentos grevistas. Isso é sintoma de uma sociedade doente. Uma sociedade
cega, individualista, mesquinha e rancorosa. O ódio se volta contra os
oprimidos, e não contra os opressores.
Figurões de colarinho branco mandam
e desmandam, praticam crimes, passam por cima da lei, e nada acontece. Voltam à
baila um ou dois mandatos depois, contando com a falta de memória e consciência
política da população. Os abusos são tão graves e naturais, que nada acontece
quando um governador de Estado retira direitos de professores, ou que seu
secretário da Educação pratica uma política fascista de perseguições a
grevistas, de maneira velada. Dá-se o tapa e esconde-se a mão. Ou que tais
sumidades tenham relações com um senador que adorava vociferar sua honestidade;
honestidade falsa, suja, que se submetia às ordenanças de um bicheiro qualquer.
Honestidade que tem um valor (bem alto por sinal). Ou, ainda, que haja clara
censura contra o direito de informação de todo um Estado, quando se vê
desaparecer das bancas de jornais uma revista que faz denúncias graves contra
esses figurões. Nada Acontece!
Mas o pior é ver que a preocupação
das pessoas se volta para seus umbigos. Ninguém se indigna contra essa corja.
Estão todos preocupados em louvar suas TVs de 42 polegadas pagas em 62
prestações; em postar banalidades em redes sociais; em sonhar com o carro novo;
em beber sua cerveja; em pagar seu aluguel aos especuladores imobiliários. E os
que podem fazer isso, vangloriam-se como se fossem super-heróis, acusando de
vagabundos, incapazes ou malandros os excluídos, como se houvesse oportunidade
para todos.
A juventude é foco dessas ações, manipulados por discursos autoritários, de extrema-direita, religiosos incautos, mídia vendida (que adora criminalizar toda ação social), grupos políticos e sociais de cunho fascista (skinheads e neointegralistas) e um conservadorismo incrustado nas gerações passadas. o perigo é latente neste caso, já que contaminou a nova geração.
O mundo está doente e, infelizmente,
a obtusidade convida o fascismo a entrar.